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576 crianças podem ficar sem o leite especial

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Cidade
17.05.11
Alergia aparece nos primeiros meses de vida e os sintomas podem se manifestar no aparelho digestivo e respiratório
Pele avermelhada, coceira intensa, urticária. Aos quatro meses de vida, o pequeno Guilherme deixou sua mãe Tatiana Maria de Souza, bem assustada ao apresentar esses sintomas. Logo, a geógrafa levou a criança ao pediatra. Após alguns testes, foi diagnosticado que Guilherme estava com alergia à proteína do leite de vaca.
Segundo dados da Associação do Portadores de Alergia Alimentar do Ceará (Apaace), atualmente, cerca de 576 crianças no Estado apresentam essa doença e dependem de um leite especial, fornecido pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), para sobreviverem.
Contudo, segundo Daniara Pessoa, presidente da entidade, algumas mães já estão entrando em desespero, pois receberam um comunicado da Sesa informando que a partir do próximo dia 1º de junho, a responsabilidade da distribuição do produto é da Prefeitura de Fortaleza. Mas, a Secretaria Municipal de Saúde afirma não estar sabendo de absolutamente nada.
Já a Sesa garante que nos últimos quatro anos bancou o custo do leite. Segundo a assessoria de imprensa, o custo era de R$ 8 milhões por ano e em 2010 passou para R$ 13 mi.
Responsabilidade
A Comissão Intergestores Bipartite do Ceará (CIB-CE), na resolução Nº 302/2010, deixa claro de quem é a responsabilidade da compra do leite especial. O pacto de cooperação definido pelo CIB e firmando entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza foram definidas as novas atribuições municipais, que inclui a responsabilidade de custear a compra do leite especial.
Entre os itens destacados na lista que contempla 40 medicamentos que merecem atenção especial e que são da responsabilidade do Município estão: fórmula alimentar à base de soja, fórmula alimentar à base de proteína hidrolisada e fórmula alimentar à base de aminoácidos.
“Se ninguém assumir essa responsabilidade vai ser um caos na saúde. Essas crianças precisam de no mínimo, oito latas desse leite por mês, do contrário, podem chegar a óbito”, alerta a coordenadora do setor de gastropediatria do Hospital Infantil Albert Sabin, Amália Maria Lustosa.
Ela explica que, na maioria das vezes, a alergia aparece em crianças de dois meses a dois anos de vida e que os sintomas só aparecem quando os bebês passam a ingerir o leite de vaca ou qualquer produto derivado. “Os sintomas são multifatoriais. Eles podem atingir o sistema digestivo, respiratório e a pele”, ressalta.
Entretanto, segundo a médica, a doença tem cura e após os três anos de idade o sistema imunológico da criança passa a tolerar a proteína do leite. A médica acrescenta também que apenas 10% das crianças permanecem com a alergia pelo resto da vida.
Ainda segundo Amália, diferente da intolerância à lactose, que consiste na dificuldade do organismo para digerir e absorver o açúcar do leite, a alergia à proteína da vaca acomete um número maior de crianças.
KARLA CAMILA
ESPECIAL PARA CIDADE
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