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TJCE inicia no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência uma série de reportagens para valorizar os colaboradores da Justiça

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Por Guto Castro Neto
Jornalista

Para reconhecer o trabalho dos colaboradores da Justiça que têm algum tipo de limitação, e sensível à luta das pessoas com deficiência, comemorada nacionalmente em 21 de setembro, a Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) inicia hoje a série de reportagens “Judiciário Inclusivo: Nós também fazemos Justiça”. Na primeira, você vai conhecer o trabalho de profissionais surdos lotados no Fórum Clóvis Beviláqua e no Tribunal

Há 23 anos, uma parceria entre o Poder Judiciário cearense e Associação de Pais e Amigos do Deficiente Auditivo (Apada) vem proporcionando oportunidades para dezenas de surdos e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Bom para eles, porque desenvolvem suas competências, e bom para a Justiça porque conta com profissionais capacitados.

A higienizadora Raimunda Custódio Soares é uma das beneficiadas e desenvolve seu trabalho no Arquivo do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB) há 21 anos. Em conversa mediada pela intérprete Mirella Cacau Ferreira, ela fala do significado de ter a chance de desenvolver sua atividade: “É muito importante porque nós precisamos trabalhar, e o Tribunal nos dá essa oportunidade. Tanto aos surdos quanto aos intérpretes. O trabalho é importante para o meu sustento e o sustento da minha família. Eu gosto de ter essa responsabilidade”. Assista ao vídeo:

Atualmente, o projeto beneficia 60 profissionais. São 53 pessoas com deficiência auditiva desenvolvendo funções de higienização, digitalização e serviços de arquivo no 1º e no 2º Grau, lotados no Fórum da Capital e na sede do TJCE, no Bairro Cambeba. A parceria com a Apada também dá oportunidade para sete intérpretes.

A digitalizadora Lídia Cristina Azevedo Silva considera a inclusão incentivada pela Justiça estadual como uma forma de promover igualdade. “É importante essa inclusão, pois é uma oportunidade aos surdos de trabalharem igualmente aos ouvintes. Estou há oito anos no setor de Digitalização do TJCE, gosto da minha atividade pela interação com as pessoas e me sinto bem no meu ambiente de trabalho”. Assista ao vídeo:

UMA IDEIA QUE VEIO PARA FICAR
Idealizadora da parceria entre o TJCE e a Apada, a juíza Maria Cleire Bomfim Almeida, atualmente aposentada, celebra a longevidade do projeto em sucessivas gestões do Judiciário. “O próprio tempo mostra a importância desse trabalho. Se os profissionais não mostrassem sua eficiência e se não ficasse clara a necessidade dessa atividade, o projeto não existiria mais. Fico muito feliz que tenham continuado. A continuidade desse trabalho é o mais importante”.

A magistrada lembra como surgiu a ideia da parceria. “Eu frequentava a Apada e percebia uma falta de perspectiva naqueles jovens. Fiz uma visita à Biblioteca Pública e vi os surdos fazendo a higienização do acervo. De imediato propus ao Tribunal de Justiça fazer um projeto semelhante e, à época, a ideia foi bem aceita pela desembargadora Águeda Passos e pelo presidente, desembargador José Maria Melo”.

AÇÕES INCLUSIVAS
A atual gestão do Judiciário cearense segue firme no propósito da inclusão das pessoas com deficiência e vira referência no País. A intérprete de Libras Nara Gonçalves comenta que foi procurada pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso para comentar sobre a parceria do TJCE com a Apada. “O projeto desperta interesse em outros estados. Isso é muito positivo”. Lembra também que o Tribunal realizou, no ano passado e neste ano, cursos de Libras com os integrantes da Assistência Militar para melhor recepcionar o público. Houve ainda profissionais surdos participando das turmas do Curso de Brigada de Incêndio.

Nara Gonçalves diz que sentiu orgulho ao ouvir o presidente do TJCE, desembargador Washington Araújo, homenagear os profissionais no Dia Nacional do Surdo, em evento do ano passado. “O presidente tem ideias inclusivas e conhece o assunto. Ele conhece a história sobre a data, 26 de setembro, quando foi fundado o Instituto Nacional de Educação de Surdos, em 1857”, destaca.

COMO SURGIU A DATA
Inspirados na estação do ano que remete à renovação e à dinâmica do recomeço da vida, os movimentos brasileiros das Pessoas com Deficiência (PcDs) elegeram como data comemorativa ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência o dia 21 de setembro, marcado como o início da Primavera, propondo a todos uma reflexão sobre a garra, o esforço, as derrotas e vitórias daqueles que buscam incessantemente a inclusão social e a acessibilidade.