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Protesto pede agilidade em investigação

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22.07.2010 Ceará
Manifestação marca os três meses do assassinato de José Maria Filho, em Limoeiro do Norte
Rita Célia Faheina – Há três meses, completados ontem, o ambientalista José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, foi assassinado com 19 tiros, em Limoeiro do Norte, na região jaguaribana. Liderança comunitária da Chapada do Apodi, ele lutava por melhorias na comunidade onde morava, o Sítio Tomé. Também protestava contra o uso de agrotóxicos nos plantios do perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi.
Até agora, as investigações policiais sobre o assassinato não foram concluídas. Para lembrar a luta do ambientalista e cobrar agilidade na apuração do crime, movimentos sociais, sindicalistas e políticos participaram ontem, pela manhã, de um ato de protesto em Fortaleza.
A concentração foi na Praça dos Voluntários (ou Praça da Polícia Civil), no Centro, com a presença de familiares de Zé Maria Filho. Dentre eles, a viúva Maria Lucinda Xavier, a Branquinha, e a filha mais velha, Juliana Xavier. Branquinha chorava muito. Também estiveram presentes amigos do ambientalista, integrantes da Diocese de Limoeiro do Norte, além de sindicalistas e políticos.
Inquérito
Após discursos, orações e cânticos, todos saíram em caminhada por ruas próximas até a sede da Procuradoria Geral de Justiça, no bairro José Bonifácio. ?São 90 dias e o inquérito não anda. Queremos agilidade. Também preparamos outros eventos para agosto em Limoeiro do Norte?, informou Reginaldo Ferreira, do Sindicato dos Servidores Públicos de Limoeiro.
O inquérito sobre o assassinato de Zé Maria do Tomé foi concluído em maio e encaminhado à Justiça, mas a juíza Luciana Teixeira, do Fórum de Limoeiro do Norte, devolveu para a delegacia da cidade solicitando que fossem feitas novas diligências. ?Como não se chegou aos autores do crime, o Ministério Público solicitou novas diligências que estão sendo feitas no prazo concedido de 30 dias?, citou o delegado Jocel Dantas.
Ele foi designado pela Superintendência da Polícia Civil para auxiliar o delegado de Limoeiro do Norte, José Fernandes, nas investigações. O outro delegado designado foi Santos Pastor, da Delegacia Antissequestro. Jocel diz que as novas diligências podem ser concluídas em agosto.
Membros da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (órgão da Presidência da República) devem visitar Limoeiro do Norte, para averiguar as denúncias do uso abusivo de agrotóxicos na Chapada do Apodi. Segundo o padre Júnior Aquino, da Diocese de Limoeiro, a visita deve ocorrer no dia 21 de agosto.
E-Mais
No dia 21 de abril, Zé Maria foi assassinado. Na missa de 7º dia, movimentos assumiram o compromisso de continuar a luta comandada por ele. Em maio, esses movimentos participaram, em Limoeiro do Norte, de audiência pública que discutiu a pulverização aérea das lavouras de fruticultura da Chapada do Apodi.
José Maria do Tomé era uma liderança comunitária. Foi presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi e denunciou a desapropriação dos agricultores devido à implantação de grandes projetos de irrigação na região do Vale do Jaguaribe. Ele também denunciava o uso de agrotóxicos e a pulverização aérea que, há dez anos, causa danos a famílias, animais e à água, que está contaminada, segundo estudos feitos pelo Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
?Até agora não foram apontados os mandantes ou executores do crime. Exigimos a apuração ágil, imparcial e efetiva do crime pela Polícia e pelo Ministério Público?, informa a nota distribuída ontem e assinada pela Cáritas Brasileira Regional Ceará, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Comissão Pastoral da Terra, Diocese de Limoeiro do Norte, dentre outras.
O ato público teve a presença de candidatos ao Governo do Estado – Maria da Natividade (PCB), Francisco Gonzaga (PSTU) e Soraya Tupinambá (Psol).