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Homem acusado de matar travesti é condenado a 6 anos

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04.06.2009 Fortaleza
Flávio Pinto da Redação
O gerente comercial Tiago da Silva Ricarte, 21, foi condenado ontem a seis anos de prisão em regime semiaberto pela morte do travesti Rafael Freitas Guedes, que era conhecido por Sthefanny Pazzini, 21. O crime ocorreu no dia 28 de agosto de 2007, no Conjunto Ceará. O julgamento de ontem foi realizado no 2º Tribunal do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua. Representantes do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), revoltados, consideraram o resultado como absolvição para o réu. O Ministério Público recorreu da sentença.
Sthefanny Pazzini foi esfaqueada dentro de um salão de beleza de uma amiga dela. O motivo alegado para o crime, segundo investigações da Polícia e do Ministério Público, teria sido uma revelação do relacionamento amoroso entre o criminoso, na época com 18 anos, e Sthefanny para a namorada do assassino. Tiago Ricarte, de acordo com os autos, chegou a enviar mensagens ameaçadoras para a vítima, por meio do site de relacionamento Orkut.
O júri teve início às 13 horas. Os advogados de defesa Francisco José Colares Filho e Lêudo Cavalcante alegaram que o réu havia agido em legítima defesa da honra. Uma vez que Tiago Ricarte sempre negou ter se relacionado com Sthefanny.
De acordo com dados fornecidos pelo Grab, no período de 1996 a 2008, foram assassinados 56 gays, lésbicas e travestis no Ceará. Desses, 39 mortes ocorreram em Fortaleza, três em Juazeiro do Norte, três em Caucaia, além de outros 11 municípios.
Os dados têm como fonte a coleta e sistematização de dados sobre violência homofóbica e homicídios cometidos contra homossexuais, por meio dos registros dos jornais locais e de informes de delegacias, de familiares e de amigos das vítimas.
As principais formas dos assassinatos são por lesão por material cortante (faca, punhal, etc.), contusão (espancamento, paulada, pedrada), e estrangulamento (esganadura e asfixia). Fundado em 1989, o Grab é uma organização da sociedade civil, que contribui para a melhoria da qualidade de vida da população LGBTT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.