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Violência das ruas

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Opinião 26.05.2010
O assalto a um grupo de turistas italianos, do qual resultou a morte do visitante Giuseppe Paparone, alinha-se entre os graves desserviços prestados ao Ceará pelos grupos criminosos atuando no Estado. Assaltos a visitantes ocorrem em Nova York, Paris, Rio de Janeiro, São Paulo ou Roma. Não é exclusividade dos destinos turísticos em expansão, nem se limita apenas aos estrangeiros. Os nacionais também são vítimas constantes de tais ocorrências, numa clara comprovação da violência imperante nos centros urbanos.
A ocorrência de domingo à noite, pela lamentável morte do turista, situa-se na contramão do esforço ingente desenvolvido pelo Governo para consolidar o Estado como destino turístico preferencial no ranking do exigente mercado externo. Nessa batalha sem trégua, com ganhos efetivos, o Governo Federal tem sido parceiro de primeira linha, tanto no financiamento das obras de infraestrutura imprescindíveis à maturação dessa política, como no apoio aos projetos voltados à atração dos visitantes, com resultados animadores.
Esse não foi o primeiro caso. Outros visitantes saíram daqui mutilados, para sempre, em razão de episódios parecidos. Eles se incorporaram à rotina diária dos assaltos, muitos dos quais seguidos de morte, como ocorreu recentemente com a empresária Marcela Montenegro. O assalto está difundido de tal ordem a incluir entre as vítimas o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, em plena Avenida Beira-Mar.
A violência das ruas, conduzida por uma minoria armada pelo braço de aluguel, se origina de vários fatores, entre eles, o desemprego, o despreparo para a convivência social, o modismo dos crimes contra o patrimônio e as pessoas, a disseminação das drogas entre a juventude e os grupos de risco da menor idade e a falta de perspectiva diante da vida.
Os registros estatísticos sobre as ocorrências de homicídios, assaltos à mão armada, estupros, sequestros e saidinhas bancárias constatam a presença maciça de jovens e de menores de idade. As condenações pela Justiça e a composição da população carcerária confirmam a crescente tendência desses grupos humanos sem futuro. Pelos dados da 5ª Vara da Infância e da Juventude, em torno de 70% da população carcerária dos presídios têm entre 18 e 20 anos.
Os homicídios na Região Metropolitana de Fortaleza, em 2010, superam 725, contra 485 em igual período do ano passado, com um aumento de 49%. De outra parte, 943 jovens encontram-se recolhidos aos centros de reeducação. As perspectivas de recuperação não são das melhores, pois a maioria dos internos nos estabelecimentos penais saiu das casas de correção. Hoje, 96% estão aliados às drogas e às infrações.
A reação a essa preocupante conjuntura de violência começou a ser posta em prática com o novo comando do Ronda do Quarteirão. Faltam outras providências pontuais como o desarmamento dos infratores, um choque de ordem em relação às gangues de bairros de onde procedem os encarcerados juvenis e a profissionalização dos internos adultos e adolescentes para ocupação de seu tempo ocioso nos presídios.