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Greve no Detran continua mesmo após ilegalidade

Ouvir: Greve no Detran continua mesmo após ilegalidade

Fortaleza Pág. 04 29.12.2009
Filas intermináveis para realizar vistorias, processos parados e muita reclamação. A greve do Detran continua, apesar de ter sido declarada ilegal. Hoje, às 9h, o Ministério Público realizada audiência com o Sindetran-CE
Mariana Toniatti
marianatoniatti@opovo.com.br
29 Dez 2009 – 00h46min
Com 32 dias de greve, o setor de registro de veículos da sede do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran) acumula 7.200 processos à espera de conferência para liberação. Entre os documentos engavetados estão processos de mudança de categoria, emplacamentos e transferências. Quase todos, 6 mil, são de despachantes.
O acúmulo se dá mesmo sem o mesmo ritmo de entrada dos pedidos. Normalmente seriam 600 processos iniciados por dia. Com a greve, não passam de 250. De acordo com a assessoria de comunicação do Detran, assim que terminar a greve, será realizada uma força-tarefa com hora extra de trabalho para colocar a papelada em dia.
Enquanto isso, a paciência do usuário é testada. Francisco Alves, 30, conseguiu vistoriar a moto e dar entrada no pedido de mudança de placa ainda antes da greve, mas não conseguiu concluir todos os trâmites. “Agora tem um mês que fico indo e vindo atrás desse documento que não fica pronto nunca“, reclama.
Quem ainda não passou pela vistoria sofre bem mais. “Cheguei às 10 horas da manhã de domingo e já era o quarto da fila. Passar um domingo todinho aqui é covardia“, desabafa Jeferson Nunes, 32, que quer a transferência da moto e somente às 10 horas de segunda-feira passou pela primeira etapa, a vistoria. No lugar de oito, apenas dois servidores fazem o serviço no pátio do Detran. Lá fora, a fila alcança dois quarteirões.
“Já vim três vezes e desisti. Hoje até que a fila está menor“, diz Claudenir Vasconcelos. Quem espera do lado de fora conta histórias de gente vendendo um lugar a R$ 50 e servidores pedindo R$ 100 para furar a fila.
Indefinição
Hoje, às 9 horas, no Ministério Público, está marcada uma audiência do Sindicato dos Trabalhadores na Área do Trânsito do Ceará (Sindetran-CE). O encontro foi solicitado pelo sindicato antes do decreto de ilegalidade da greve, anunciado no último dia 23. Como a presidente do Sindetran, Eliene Uchôa, ainda não foi oficialmente comunicada sobre a ilegalidade da paralisação, o movimento de greve continua.
“Esperamos que o Ministério Público nos ajude a fazer cumprir a decisão judicial“, diz o superintendente do Detran, João Pupo. A advogada do sindicato, Jussara Galvão, diz que não dá para saber se a greve termina antes do feriado de fim de ano. “Só podemos dizer no momento em que for feita alguma proposta ou que o decreto de ilegalidade chegue“.
Do outro lado, o advogado do Detran Luiz Marcelo Mota afirma que as reivindicações dos servidores não são “matéria do Detran“. “Plano de Cargos e Carreira (PCC) depende do governador, da Secretaria de Planejamento, e já há uma política de não negociar com servidores em greve“, diz.
E-MAIS
LIMINAR
> A liminar que decreta a ilegalidade da greve estipula em R$ 25 mil a multa diária por descumprimento da ordem. A multa pode ser cobrada a partir de dois dias depois da entrega oficial do documento.
COMUNICADO
> Desde o último dia 23 um oficial de Justiça procura a presidente do Sindetran
para entregar o comunicado oficial do decreto de ilegalidade.
ASSESSORIA
> Segundo a assessoria do Fórum Clóvis Beviláqua, Eliene Uchôa foi procurada em sua residência, na sede do sindicato e na sede do Detran, na Maraponga, todos os dias úteis de lá pra cá.
DIÁRIO OFICIAL
> Ainda de acordo com a assessoria, uma nova tentativa será realizada hoje. Caso Eliene não seja encontrada, o Fórum irá estudar que medida tomar. Uma delas pode ser publicar a citação em edital no Diário Oficial.