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Alunos de escola estadual visitam Fórum de Fortaleza e assistem pela primeira vez a um júri

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Um grupo de oito estudantes do 2º ano do Ensino Médio assistiu, pela primeira vez, a um júri popular, durante visita guiada ao Fórum Clóvis Beviláqua, nesta quarta-feira (20/09). Alunos da Escola Estadual Professora Telina Barbosa da Costa, localizada no bairro Messejana, em Fortaleza, eles já haviam participado de um julgamento simulado, durante a II Semana Nacional do Júri, ocorrida em junho deste ano.
Naquela ocasião, diante de um juiz, um promotor e um defensor “de verdade”, encenaram o papel de testemunhas e jurados de um crime fictício. Se esta primeira experiência, como relatam, já contribuiu para desfazer algumas ideias equivocadas que tinham a respeito do funcionamento da Justiça, neste segundo momento puderam observar como, de fato, acontecem os julgamentos de crimes dolosos contra a vida, acompanhando um caso real.
O estudante Raul Ricardino Gois, de 16 anos, atuou como testemunha de acusação no júri simulado. “Foi uma situação ao mesmo tempo muito interessante e muito delicada, de estar na pele de alguém que presenciou um crime. Porque o seu relato vai comprometer a vida de alguém, então é preciso ter muita responsabilidade”, afirmou.
Participar da encenação, para ele, ajudou a aumentar a curiosidade de ver um julgamento real. “A primeira coisa que eu imagino é a tensão no local, de todo mundo que está ali, porque é a vida de uma pessoa, ou de várias pessoas, que vai ser decidida naquele momento”, disse. A expectativa, também, era de adquirir novos e importantes aprendizados. “A gente tem uma visão muito fantasiosa da Justiça e ver isso acontecendo de verdade ajuda a quebrar paradigmas e é muito importante para construir nosso papel como cidadão”, opinou o estudante, que sonha em cursar faculdade de Medicina, mas, após essa experiência, passou a considerar o Direito como “uma ótima segunda opção”.
Já para Andreza Serpa, também de 16 anos, a carreira jurídica é a primeira opção. Ela conta que, apesar de ter uma prima que é advogada, ainda tinha receio de optar por essa profissão, pois ver que “dá muito trabalho e precisa passar muitos anos estudando”. Mas, após ver os profissionais do Direito atuando na prática, chegou à conclusão de que o esforço vale a pena.
Ao participar como jurada no júri simulado, ela disse que sentiu a responsabilidade que é condenar ou absolver alguém. “Fiquei pensando se ele (o réu) teve realmente a intenção de fazer aquilo, como seria a vida dele depois que fosse preso, como ficaria a sua família. Então é algo muito difícil, mas também é muito bom, porque a gente que está participando das decisões, e sente importante por isso”, contou ela, dizendo que, além da formação em Direito, pretende também, assim que tiver idade suficiente, se inscrever para compor o corpo de jurados: “Com certeza quando eu crescer eu vou ser jurada e pretendo também estudar para seguir a advocacia.”
O coordenador da escola, professor Assis Faustino, acompanhou os estudantes e ressaltou que o projeto possibilita tanto que os jovens aprendam mais sobre o funcionamento da Justiça quanto conheçam melhor sobre as várias áreas da carreira jurídica, o que pode influenciar na escolha da profissão de cada um. “No 2º ano eles já estão pensando na carreira que querem seguir, então é muito importante que vejam o trabalho de um juiz, de um promotor ou de um defensor, pois podem se inspirar neles e, se decidirem pela área jurídica ou mesmo que optem por outra área, isso é um estímulo para continuarem estudando”, afirmou.
O Fórum Clóvis Beviláqua recebe regularmente grupos de estudantes interessados em conhecer mais sobre o funcionamento do Judiciário, por meio do projeto “O Fórum mais próximo da sociedade”. Organizado pela Seção de Capacitação (Secap) do Fórum, o projeto consiste em visitas guidas, nas quais os participantes assistem a palestras e sessões de julgamento. O público-alvo é formado por estudantes de Direito de Fortaleza e alunos de escolas do ensino médio, públicas e particulares, da Capital. Para programar visitas, as instituições de ensino devem entrar em contato com a Secap pelo telefone 3492.8060.