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A instrumentalização dos verdes

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Opinião
24.03.11
A instrumentalização política do movimento ecológico é uma daquelas obviedades que assustam justamente pelo fato de permanecerem ocultas aos olhos do público. Qualquer sujeito que tenha o interesse para aparecer protestando contra a derrubada de uma bananeira no quintal do vizinho ou que acuse a indústria automobilística de ser a vilã do aquecimento global é visto, automaticamente, como um santo abnegado, ainda que nunca tenha plantado uma árvore e que guarde na garagem um reluzente automóvel que lança ? oh, Gaia! ? monóxido de carbono no ar que respiramos.
Em outras palavras, basta alardear os chavões de sempre popularizados pela mídia para conseguir o resultado político esperado, sem que discurso guarde relação direta os feitos reais de quem o anuncia. Até mensaleiro agora posa de ambientalista.
A fórmula vale tanto para fazer autopromoção como para difamar adversários. Na forma de elogio, pode dar a impressão de profundidade a grupos com programas obsoletos, como partidos que ainda têm Cuba como inspiração teórica. Como arma, pode transformar quem não comunga da agenda desses grupos em inimigos da humanidade. Tudo no campo retórico.
Uma tática conhecida desse modelo é buscar transformar empreendimentos comerciais em verdadeiros atentados ecológicos, ainda que a legislação não tenha sido em momento algum desrespeitada. Como não existe crime, havendo nada mais do que a acusação cirurgicamente dirigida, o caso termina resolvido nos tribunais, ocasião em que esses ?ecologistas? lançam mão do velho truque de acusar o Judiciário de servir ao ?sistema?, para assim insistirem de que os certos são os levianos e erradas as suas vítimas.
Não fazem nada pela natureza, dificultam o trabalho de quem empreende, e ainda saem como heróis. Com o tempo, esses empreendedores acabam por buscar aproximação com seus difamadores, na esperança de evitar novas ?denúncias?, aderindo então ao feliz (e cada vez maior) clube dos que faturam grana enquanto criticam o capitalismo.
Deixo aqui o alerta para que o leitor desconfie quando nossos ambientalistas surgirem do nada com uma acusação qualquer, afetando indignação e com cara de coroinhas: seus alvos são selecionados. Companheiros de partido ou de ideologia nunca são incomodados. Financiadores de campanha também estão protegidos. E para saber quem manipula o movimento ecológico, basta prestar atenção em quem controla os fundos de pensão, os movimentos sindicais e estudantis, e as ONGs bancadas com dinheiro público.